Peniche, 3 de Janeiro de 1960. No final de uma tarde de inverno, em frente do Forte, um carro passa com a tampa da mala levantada. Era o sinal de que lá fora tudo estava a postos. Dentro do Forte iniciava-se a acção. Um carcereiro é dominado com um narcótico. Uma sentinela, integrada na organização da fuga, ajuda os fugitivos a passar sob o seu capote numa parte muito exposta do percurso.
Do piso superior da fortaleza os fugitivos, em número de 10, descem para o piso seguinte através de uma árvore. Daí correm a esconder-se numa guarita para depois descerem, um a um, através de uma corda, para o fosso exterior de Forte.
Depois há ainda um muro a escalar para atingir a praça e as ruas da vila e umas centenas de metros até aos automóveis que aguardam, cá fora. Então os carros partem velozmente, transportando os presos para os locais previamente determinados.
Parece simples esta fuga, que devolveu á liberdade e à luta Álvaro Cunhal e um grupo de outros destacados dirigentes do PCP. Mas aqui simplicidade significou planeamento cuidadoso e rigoroso durante longos meses, uma perfeita coordenação da acção do Partido no interior e no exterior do Forte, uma disciplina rigorosa no cumprimento das tarefas, um secretismo total, a audácia e a coragem dos participantes na fuga.
In 60 anos de luta. Partido comunista Português 1921-1981, Edições Avante, 1982,pp.164-165
Cela onde esteve preso Alvaro Cunhal
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