domingo, 13 de março de 2011

Fuga de Peniche

Peniche, 3 de Janeiro de 1960. No final de uma tarde de inverno, em frente do Forte, um carro passa com a tampa da mala levantada. Era o sinal de que lá fora tudo estava a postos. Dentro do Forte iniciava-se a acção. Um carcereiro é dominado com um narcótico. Uma sentinela, integrada na organização da fuga, ajuda os fugitivos a passar sob o seu capote numa parte muito exposta do percurso.
            Do piso superior da fortaleza os fugitivos, em número de 10, descem para o piso seguinte através de uma árvore. Daí correm a esconder-se numa guarita para depois descerem, um a um, através de uma corda, para o fosso exterior de Forte.
            Depois há ainda um muro a escalar para atingir a praça e as ruas da vila e umas centenas de metros até aos automóveis que aguardam, cá fora. Então os carros partem velozmente, transportando os presos para os locais previamente determinados.
            Parece simples esta fuga, que devolveu á liberdade e à luta Álvaro Cunhal e um grupo de outros destacados dirigentes do PCP. Mas aqui simplicidade significou planeamento cuidadoso e rigoroso durante longos meses, uma perfeita coordenação da acção do Partido no interior e no exterior do Forte, uma disciplina rigorosa no cumprimento das tarefas, um secretismo total, a audácia e a coragem dos participantes na fuga.
             
                                       In 60 anos de luta. Partido comunista Português 1921-1981, Edições Avante, 1982,pp.164-165


 
 Cela onde esteve preso Alvaro Cunhal














.


Forte de Peniche - Zona do "Segredo", local de tortura dos presos políticos

Depoimento de um prisioneiro no Tarrafal

      O campo do Tarrafal resume-se a um rectângulo de arame farpado, com 750 metros de perímetro, no meio de uma planície que se estende das montanhas até ao mar, e fica plenamente isolado do mundo exterior. Durante os primeiros dois anos, dormíamos doze homens numa tenda, apenas tendo um candeeiro de petróleo. Durante nove meses do ano as tendas enchiam-se de pó trazido pelo vento. O calor e a chuva tropical depressa começaram a apodrecer a lona, e, durante a estação das chuvas, lutávamos contra a exaustão e a fadiga numa tentativa vã de proteger as nossas camas. Mas pela manhã tínhamos sempre a sensação de estar num navio de escravos que acabava de escapar a um furacão (…)
      Alcunhámos o capitão Reis de «Arame Farpado», porque ameaçava constantemente transformar o campo numa «prisão ao ar livre», só com arame farpado a «proteger-nos». «Vocês vão morrer como moscas», era outra das suas ameaças. E começou a ser confirmada a 20 de Agosto de 1937.
      Apenas seis dos presos não foram atacados pela malária, nem uma única injecção de quinino nos foi aplicada, nem um comprimido nos deram. Um preso, Joaquim Faustino de Campos, chamou a atenção do comandante de campo para as consequências que podiam advir de uma tão grave situação. A resposta foi o «segredo». Ninguém ou nada induzia o médico ou o comandante a dar remédios.
      Seis dos nossos companheiros morreram em 25 e 26 de Agosto de 1937.                                                                  

Pedro Soares in «Carme Carvalhas, 48 anos de Fascismo em Portugal», cadernos Maria da Fonte, 1974







 Tarrafal, Cabo Verde

A vida de um estudante Japonês


Emprego do tempo do jovem Nakamura, de 16 anos: levanta-se às 6 horas, chega á escola duas horas depois, sai da escola às 17, trabalha em casa até às 19, interrompe por duas horas para jantar e descansar um pouco e, das 21 até á meia-noite, mergulha de novo nos livros e nos cadernos. (…) Em todos os alunos se incutem ideais virtuosos e patrióticos, com frases como: «Estais agora na verdadeira vida, (…) o que fará de vós japoneses e vos porá ao serviço do Japão». E com promessas também: se continuardes na via que vos é ensinada na nossa escola, não tereis preocupações no futuro e esperar-vos-á a segurança». Assim se resumem as duas noções – chave, essenciais, do Japão: por um lado, o sentido do grupo, do dever colectivo, por outro, como recompensa, a segurança de ser protegido.
                                                                  Jornal Libération, 20 de Junho de 1985

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Morte de Inês de Castro



O ROMANCE TRÁGICO DE INÊS DE CASTRO


Quando o príncipe D. Pedro chegou à idade de casar, o rei D. Afonso IV fez o que era costume na época: mandou pedir a mão de uma menina nobre para o seu filho. A escolhida foi Constança Manuel, que pertencia à família real castelhana.
D. Pedro recebeu D. Constança como sua mulher mas apaixonou-se perdidamente por uma das aias que a acompanhavam.
Não é fácil esconder sentimentos fortes. Toda a gente percebeu, comentou, cochichou. Há quem diga que D. Constança também sabia do caso e tentou resolvê-lo de uma maneira subtil. Naquele tempo os padrinhos de uma criança passavam a ser como irmãos dos pais da criança. Um acto de amor entre eles seria considerado crime.
Para impedir que o marido se aproximasse da aia, convidou-a para madrinha do primeiro filho rapaz.
O menino, de nome Luís, faleceu uma semana depois de baptizado, e então é que estalou o falatório! A corte em peso comentava pelos corredores que a culpa era de Inês. Com certeza não tinha pronunciado com fé as palavras sagradas junto da pia baptismal...
A hostilidade cresceu à volta de Inês de Castro, reforçada com este excelente pretexto. Mas a verdade é que há muito despertava invejas. Entre as mulheres, por ser linda. Entre os homens, por não lhes prestar atenção.
O romance continuou, embora discreto. E o príncipe não descurou as obrigações matrimoniais, já que no ano seguinte Constança deu à luz outro rapaz, Fernando.
Nessa altura o destino encarregou-se do assunto. D. Pedro ficou viúvo, e juntou-se com a sua amada. Durante alguns anos viveram felizes e despreocupados. Quando já tinham três filhos pequenos, instalaram-se em Coimbra para passar uma temporada num pavilhão de caça que se erguia no sítio onde hoje fica a Quinta das Lágrimas. E as intrigas voltaram agitar a corte, chegando ao ponto de convencer o rei de que a única forma de afastar Inês era matá-la. Um dia, sabendo que o príncipe saíra para ir à caça, o rei e três homens da corte foram procurá-la.
Tinham combinado que a matariam onde a encontrassem. Por acaso encontraram-na à beira de uma fonte.
D. Inês percebeu ao que vinham; ficou aflitíssima, chorou, lembrou os filhos, que tão pequeninos iam ficar sem mãe. O rei então hesitou, mas não quis desdizer-se e foi-se embora, deixando aos três malvados companheiros liberdade para procederem como entendessem. E eles apunhalaram-na sem dó nem piedade!
Segundo a tradição, o sangue de Inês escorreu sobre as pedras da fonte e nunca mais ninguém conseguiu apagar a mancha vermelha que ali ficou para sempre a lembrar o terrível crime.
D. Pedro, louco de dor, levantou-se em armas contra o pai e incendiou muitos castelos e povoações que lhe pertenciam. Só passado muito tempo aceitou fazer as pazes, mas aos assassinos nunca perdoou. Mal subiu ao trono, mandou persegui-los, capturou dois e condenou-os à morte. Segundo consta, exigiu ao carrasco que arrancasse o coração a um pelo peito e a outro pelas costas! Diz-se também que retirou Inês do túmulo, a sentou no trono e obrigou a corte a beijar-lhe a mão, o que é muito pouco provável que tenha acontecido. Mas não restam dúvidas de que lhe organizou um enterro espectacular. Mandou construir dois belos túmulos, um para si próprio e outro para Inês. Quando ficaram prontos, ordenou que os colocassem no mosteiro de Alcobaça. E então organizou um cortejo fúnebre entre Coimbra e Alcobaça. Gente do povo, do clero e da nobreza espalhou-se pelo caminho, e todos fizeram vénias à passagem do caixão. E muitos criados acompanharam o enterro com tochas acesas.

in Ana M. Magalhães, Isabel Alçada, Portugal, Histórias e Lendas, ed. Caminho



Morte de Adolf Hitler

Especialistas russos confirmam autenticidade dos restos mortais

Um fragmento de crânio que terá sido de Adolf Hitler e desde 1945 é conservado em Moscovo foi autenticado por especialistas dos serviços especiais russos (FSB, antigo KGB), desmentindo um estudo norte-americano que garantia que o osso havia pertencido a alguém do sexo feminino.
"Os arquivos do FSB têm um pedaço do crânio e um pedaço do maxilar de Hitler. À excepção destes restos, recolhidos no dia 5 de Maio de 1945, não existem outros pedaços do corpo de Hitler", indicou Vassili Khristoforov, chefe dos arquivos dos FSB, citado pela agência Interfax.
Durante décadas, especulou-se em diversas capitais do mundo sobre o destino de Hitler, que se suicidou a 30 de Abril de 1945, no seu bunker em Berlim.


Exame de DNA prova que crânio de Hitler é falso


Durante décadas, embora o corpo completo de Adolf Hitler não ter sido preservado, um pedaço de crânio com um furo provocado por disparo de pistola foi a prova cabal da morte do ditador. A Universidade de Connecticut já havia levantado a possibilidade de o osso pertencer a uma mulher, graças às suas características anatómicas. Porém, apenas recentemente os cientistas conseguiram provar a suposição recorrendo a um teste de DNA.

A primeira hipótese sobre a sua verdadeira origem foi atribuída à Eva Brown, mulher do Führer, mas nunca houve menção sobre ela ter sido baleada. A teoria foi rejeitada.
A morte de Hitler foi divulgada no dia 1º de Maio de 1945. Karl Dönitz (1891-1980), grande almirante alemão, declarou via rádio que o líder havia caído em batalha contra os soviéticos. Anos mais tarde, Dönitz revelou que recebeu as instruções por um radiograma, não estava presente ou chegou a ver o cadáver.
Joseph Stálin (1878-1953), chefe da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), afirmou diversas vezes que os restos de Hitler nunca foram encontrados e que, em sua opinião, ele estava vivo e escondido, assim como Joseph Göebbels (1897-1945), ministro da propaganda nazista.
Segundo pesquisa realizada pelo historiador Carlos De Nápoli e pelo jornalista Juan Salinas, no final da Segunda Guerra Mundial, oficiais alemães debandaram para o sul em submarinos. Hitler podia estar entre eles. No caminho, afundaram uma corveta norte-americana e o cruzador Bahia, deixando 336 mortos e causando a maior tragédia naval brasileira.
Para quem pensa que a teoria está mais para um roteiro de cinema, basta lembrar de Josef Mengele (1911-1979) e Adolf Eichmann (1906-1962), criminosos de guerra que fugiram da Europa e viveram na América.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

1 de Dezembro de 1640

Num dia frio e chuvoso, um grupo de portugueses reuniu-se para acabar com a 3ª Dinastia, conhecida como a Dinastia Filipina, castelhana.

Juntos, passaram por uma rua, desceram-na e encontraram o Palácio da Ribeira. Aí estava a famosa Duquesa de Mântua e o seu fiel companheiro, Miguel de Vasconcelos.

Os portugueses tiveram de passar pelos guardas, combatendo-os.

Miguel de Vasconcelos notou que algo iria acontecer. Viu homens armados e escondeu-se num armário. A Duquesa de nada se apercebeu, nem foi avisada. O grupo de portugueses venceu os guardas e avançou pelos corredores, até que encontraram um armário onde ouviram um barulho. Abriram-no e encontraram Miguel de Vasconcelos. Um dos portugueses levou-o para uma sala e atirou-o pala janela fora.

Entretanto, os outros portugueses encontraram a Duquesa, algemaram-na e prenderam-na.

O povo português, quando soube disso, ficou contente. A Dinastia Filipina iria acabar. Havia um nobre, D. João, Duque de Bragança, que era o sucessor directo ao trono português. Ele veio num passeio a Lisboa e aclamaram-no rei de Portugal.

Os portugueses ganharam de novo a independência que haviam perdido. Nesse dia começou a 4ª Dinastia, a Dinastia de Bragança.

D. João, Duque de Bragança, passou a chamar-se D. João IV. Agora era rei. No dia a seguir houve o seu casamento com D. Luísa e o povo português foi todo convidado.